segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Infância

Que houve com todos nós?
Perdemo-nos, nos encontramos
Amamo-nos, nos gozamos
Quisemo-nos nós matar e não conseguimos

Continuamos a acreditar?
Fortalecemos e destruímos nossa fé
Desistimos de nós mesmos e dEle
Apostamos tudo em nós e nEle.

Paramos de se importar uns com os outros?
Após termo-nos roubado nossas crianças
Que nem percebíamos ser

Esquecemo-nos dos graus de parentesco?
Pais, mães, filhos e filhas
Tios, tias, primos e primas

Morremos
E o que mais será que fizemos?
Quisemos cometer suicídio?
Tentamos matar nossos filhos?
Transamos só por prazer?

Por que nossos conceitos também mudaram?
O importante tornou-se mesquinho
A simples pedra, polida, mostrou-se preciosa

A! Nós estudamos
Agora somos inteligentes!
Sabemos rimar, podemos ser presidentes!
Quanta bobagem, mas sonhos valem à pena

Continuemos então crescendo,
E esquecendo...
Mas também guardando
Aquilo que quisermos lembrar...



Dedicado a todo pessoal da V.Alpina

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Padaria


Se conheceram a um certo tempo
até mais do que deveriam,
Se reencontram em uma padaria, almoçam juntos
de sobremesa, ele sugere um sonho
Ela recusa, diz estar de dieta
Ele insiste dizendo que sempre dividiram um sonho juntos
A moça estranhou, disse nunca ter apreciado muito o doce
O rapaz percebe que o doce só era mesmo desejado por ele
Que todo tempo comera as duas metades sozinho.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vinte e cinco versos


Escrevo porque não sei pintar, 
A arte do pintor é o quadro
A do escultor, a estátua
A do músico, a melodia
A arte do escritor é o texto

É a rima,
a metonímia, e seus irmãos
É o som de cada palavra
e/ou o desenho em que elas se mostram

Aprendi que literatura é a arte de escrever
Escrevo, pinto, esculpo, toco a beleza da vida,
Mas também faço arte de sua feiúra,
Da sua angústia, da sua perdição.

Até eu morrer beberei dessa arte
E quem sabe após
Escreverei das coisas que fiz
E das que teria feito

Sílabas, palavras, textos
Sintaxe e morfossintaxe
Figuras, esculturas, músicas de linguagem
Reino eterno das palavras que rege o mundo

“Pensamos em palavras,
sentimos em palavras”
Odiamos e amamos nelas
O jogamo-las ao vento.