Baseado na música "Still got the blues" de Gary Moore
“Used to be so easy to give my heart away
But I found out the hard way
There's a price you have to pay…”
There's a price you have to pay…”
Apreciava demais aquela música, nunca a tinha escutado ao vivo. “Still got the blues”, nunca tinha parado para pensar na tradução, o que importava não era a letra, mas a batida, o tom, a harmonia, e principalmente o solo de guitarra que tanto o excitava. Tinha prazer em ouvi-la...
“So many years since I've seen your face
Here in my heart, there's an empty space
Where you used to be…”
Here in my heart, there's an empty space
Where you used to be…”
Era agora que o guitarrista entraria de novo com o solo, o mesmo que dava início à música, concentrou-se para não perder nenhuma nota, contudo, por menos de um segundo, desviou o olhar, plainando-o pela platéia do bar.
Ela estava sozinha, na mesma espécie de transe em que ele imaginou que se encontrava, assistiria a performance dela até o fim da música. Mexia-se lentamente, cabeça, ombros, cintura e pernas, olhou para os seus quadris, que se moviam também lentamente em forma de infinito, o jeans justo o fez pensar como seriam nus. Preferiu voltar ao rosto, sempre preferiu os rostos aos corpos, neste pensamento lembrou-se de sua mulher, que estava ao lado. Não eram casados há muito tempo, ainda viviam a beleza da posse diária e sem pecado.
Ao olhar a moça, confirmou, sua esposa era mais bonita, rosto e corpo, por que diabos então estaria olhando para a moça loira e esguia dançando lenta e entorpecidamente em frente ao palco. Não soube dizer, assim como não conseguiu tirar os olhos dela. Suspeitou ter algo a ver com a música do Gary Moore, muito bem interpretada pela banda cover, aproveitou o último e mais demorado solo para tirar a limpo.
Sim, era a música, a música que agora era a moça, a moça, que tinha se transformado na música, a sincronia entre ambas era perfeita, como se aquelas notas que tanto o atraiam, tivessem tomado forma física, e agora dançavam o chamando a possuí-las. Ele se sentiu tentado, ainda mais, a se aproximar das duas, que na verdade, eram uma só. Não podia, a esposa ao lado, que permanecia mais bonita, porém longe de ser mais atraente, teve de se contentar em assistir o espetáculo, a dança do acasalamento, extremamente excitado.
No quarto, a esposa o olhava, se não o convidava, ao menos se contentava com a idéia da posse que sabia estar próxima, ele pensou mais uma vez na moça do bar.
“I've still got the blues for you…”
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