sexta-feira, 26 de agosto de 2011

E se Allan Poe resolvesse escrever uma fábula?


E se Allan Poe decidisse escrever uma fábula?

Era uma vez uma mãe sem cabeça que morava com seus três filhos gêmeos, maligno, malévola e maldoso. A família da mãe sem cabeça sempre fora caçada pelos gênios sem coração, gênios sem lâmpadas e sem coração.

Por muitos anos a mãe protegeu seus filhos dos gênios sem coração, todos os dias ela os levava até a única janela da casa e lhes mostrava a flor em um vaso de barro, dizia que era a única maneira de manter longe os gênios inimigos. Os filhos, que nunca tinham visto um dos tais gênios, a princípio tinham medo, depois, com o passar das primaveras, caçoavam a mãe quando estavam sozinhos:_Que lição será que ela quer nos ensinar contando tão esquisita história?

Passaram-se os anos e era chagada a hora dos filhos da mãe sem cabeça partirem. A mãe insistiu mais uma vez na história e, dessa vez, revelou um grande segredo, disse que também tinha uma cabeça e que fora um gênio sem coração que, num ato cruel e preciso, arrancou-a de uma só vez. Os filhos se entreolharam duvidosos, deram um abraço na mãe e saíram ouvindo o seu grito:_ Prometam que virão me visitar no decorrer de trinta dias! Prometeram.
No caminho, maldoso perguntou:_ Vocês vão colocar as tais flores em jarro de barro nas janelas de vocês? Maligno foi o primeiro a responder: _ Tolice! Tinha de ser o que nasceu por último, não percebe que a mãe está variando? Malévola retrucou: _Não fale assim da mamãe, é claro que a história é falsa, mas ela não é louca, um dia entenderemos o que ela quer ensinar. Maldoso ficou calado, mas respondeu a pergunta dos irmãos:_Você não vai colocá-las, vai? _Não, não... Claro que não! E cada filho decidiu-se por uma direção

Maligno não caminhou muito, logo encontrou um terreno e ali construiu a sua casa, cansado do trabalho árduo, foi dormir sem se quer olhar para janela. Malévola caminhou um pouco mais, achou um bom lugar para construir sua casa, fez, orgulhosa de sua criação Malévola olhou para a janela, sorriu ao lembrar-se da mãe e, em consideração a ela, olhou em volta, mas não encontrou nenhuma flor: _Dormirei, amanhã ou depois vou aos campos procurar uma flor para lembrar a mamãe. Maldoso caminhava sem ver para onde, as palavras de sua mãe não saiam de sua cabeça: “_Um gênio sem coração que, num ato cruel e preciso, arrancou-a de uma só vez.” Decidiu que iria aos campos buscar a flor. Atravessou o riu e rodeou a montanha, finalmente lá estavam elas, lindas flores brancas e lilases, apanhou duas de cada, depois, modelou dois vasos de barro e, perto dalí, construiu a sua casa. Estava exausto, colocou um vaso com duas flores cada nas duas janelas da casa, praticamente desmaiou na sala.   

Enquanto todos os três dormiam, a noite vazia ouviu gritos rapidamente repreendidos virem de dentro das casas recém construídas.

Passavam-se os dias e se angustiavam os filhos que não haviam confiado em sua mãe:_Ela descobrirá que não lhe demos ouvidos! Pensavam. Enquanto Maldoso ansiava por visitar a mãe. Entre angústia e ansiedade passaram-se trinta dias era tempo de cumprir a promessa.

Maldoso assustou-se a encontrar a irmã Malévola sem cabeça._Não fala nada está bem? Mamãe ficará tão desapontada. Com tristeza, Maldoso apenas concordou acenando._E o Maligno?! . Exclamaram juntos, e seguiram correndo. No caminho avistaram uma casa onde concordaram que deveria morar o irmão.
Lá estava ele, sem cabeça e desapontado:_Irmã! Você também. Que bom que você foi obediente meu irmão... E depois de um silencio. Não vou, não posso ir.

Depois de uma longa conversa, os irmãos continuaram a caminhada até a casa de vossa mãe que esperava no jardim, quando os avistou correu para abraçar cada um deles. Maligno tomou a palavra: _Mãe perdoe-nos por não lhe dar ouvidos.
_Está tudo bem meus filhos, como vêem, também não ouvi à avó de vocês.

Moral da História.

São poucos os que aprendem ser sofrer os males por si próprios  


4 comentários:

  1. Fiquei embasbacado com este texto que, diga-se de passagem, é de excelente qualidade. Não sei se digo isso porque adoro Poe, mas o fato é que o título é muito criativo.
    Todos nós, imersos na ação de pensar somente em nós mesmos, temos dificuldade em ouvir o que os outros dizem.
    Este texto e o blog são excelentes!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Fico muito grato Flávio, Poe é realmente maravilhoso

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